17 de junho de 2011

A Mediunidade não é profissão.









A par da questão moral, apresenta-se uma consideração efetiva não menos importante, que entende com a natureza mesma da faculdade. A mediunidade séria não pode ser e não o será nunca uma profissão, não só porque se desacreditaria moralmente, identificada para logo com a dos ledores da boa-sorte, como também porque um obstáculo a isso se opõe.
É que se trata de uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e mutável, com cuja perenidade, pois, ninguém pode contar. Constituiria, portanto, para o explorador, uma fonte absolutamente incerta de receitas, de natureza a poder faltar-lhe no momento exato em que mais necessária lhe fosse. 
Coisa diversa é o talento adquirido pelo estudo, pelo trabalho e que, por essa razão mesma, representa uma propriedade da qual naturalmente lícito é, ao seu possuidor, tirar partido. A mediunidade, porém, não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade. Pode subsistir a aptidão, mas o seu exercício se anula. 
Daí vem não haver no mundo um único médium capaz de garantir a obtenção de qualquer fenômeno espírita em dado instante. Explorar alguém a mediunidade é, conseguintemente, dispor de uma coisa da qual não é realmente dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga. 
Há mais: não é de si próprio que o explorador dispõe; é do concurso dos Espíritos, das almas dos mortos, que ele põe a preço de moeda. Essa idéia causa instintiva repugnância. 
Foi esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, pela ignorância, pela credulidade e pela superstição que motivou a proibição de Moisés. 
O moderno Espiritismo, compreendendo o lado sério da questão, pelo descrédito a que lançou essa exploração, elevou a mediunidade à categoria de missão. (Veja-se: O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXVIII. — O Céu e o Inferno, 1ª Parte, cap. XI.) 
A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora. O médico dá o fruto de seus estudos, feitos, muita vez, à custa de sacrifícios penosos. O magnetizador dá o seu próprio fluido, por vezes até a sua saúde. 
Podem pôr-lhes preço. O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos; não tem o direito de vendê-lo. Jesus e os apóstolos, ainda que pobres, nada cobravam pelas curas que operavam. 
Procure, pois, aquele que carece do que viver, recursos em qualquer parte, menos na mediunidade; não lhe consagre, se assim for preciso, senão o tempo de que materialmente possa dispor. Os Espíritos lhe levarão em conta o devotamento e os sacrifícios, ao passo que se afastam dos que esperam fazer deles uma escada por onde subam. 


Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVI, itens 9 e 10.

11 de junho de 2011

Pressentimentos e premonições...



O pai do piloto do Fokker 100 que caiu, em São Paulo, matando mais de 100 pessoas, contou e repetiu, na televisão, que sonhara na véspera com o pavoroso desastre, ficando muito impressionado e comentando a visão com familiares e amigos.Também a mulher de um passageiro declarou que sua filha pequena despertara e lhe dissera que o pai não voltaria mais, pois, o avião em que viajava caíra. Daí a pouco, assistia à catástrofe na TV.

Comprovadamente, a premonição sempre existiu. Mas o que é, como e por que acontece? Quando o homem dorme, seu espírito deixa o corpo, sem, contudo, dele se desligar, e é nessas ocasiões que, às vezes, vislumbra o futuro próximo, com maior ou menor clareza. Ao despertar, imaginará tratar- se de um sonho ou pesadelo. A isso chamamos "aviso ou premonição".

O espírito Adolfo Bezerra de Menezes, no livro Recordações da Mediunidade, psicografado por Yvonne Pereira, edição da Federação Espírita Brasileira, explica que tais possibilidades derivam de uma faculdade psíquica que possuimos, espécie de mediunidade.

A premonição não existe no mesmo grau em todas as criaturas, embora seja disposição comum a qualquer ser humano.
O pressentimento é o conselho íntimo e oculto de um espírito que vos dedica afeição, decorrente da escolha que se tenha feito: antes de reencarnar, o espírito tem conhecimento das várias fases da sua nova existência, isto é, dos principais gêneros de provas a que vai se entregar. José, por exemplo, relata Mateus, foi avisado por um anjo que, aparecendo-lhe em sonho, o aconselhou fugir de Herodes, para o Egito, com Jesus.

Os avisos por meio de sonhos são comuns nos livros sagrados de todas as religiões.Sabemos que o tempo do sono é aquele em que o espírito, desprendendo-se dos laços materiais, entra momentaneamente no mundo espiritual, onde se encontra com conhecidos de outras encarnações. Esse instante é, muitas vezes, escolhido pelos espíritos protetores para se manifestar aos seus protegidos e dar-lhes conselhos mais diretos. Neste caso, o que ocorre é uma adaptação, feita por espírito especializado neste assunto, das ondas mentais de 4ª dimensão que estão presentes no cérebro perispiritual para que possa ser interpretado pelo cérebro físico que sabe apenas interpretar as ondas de 3ª dimensão, ocorrendo assim, uma lembrança mais nítida das orientações que o espírito queira que a pessoa se lembre ao acordar.

Fonte: Revista Cristã de Espiritismo, edição 25

Quem desejar saber mais sobre pressentimentos e premonições, leia O Livro dos Médiuns, de Alan Kardec. Nele encontrará tudo sobre o fenômeno da mediunidade.





2 de junho de 2011

Nossa atitude perante o remorso





Frequentemente recebo depoimentos de pessoas que relatam seus sofrimentos, e em seus textos, como que buscando a razão do seu sofrimento atual, citam algum grave erro cometido no passado. Isso é natural. Diria que é até mesmo saudável... Demonstra que a pessoa está buscando razões e fazendo uma análise de seus atos passados, conscientizando-se das decisões infelizes cometidas e, claro, adquirindo uma nova percepção para enfrentar as novas situações no futuro.Ocorre, entretanto, que muitas vezes nós não só lembramos o passado e extraimos o aprendizado dele. Não. Muitas vezes nós ficamos presos ao remorso. O remorso pode ser extremamente danoso e nos causar um prejuízo enorme, mesmo fazendo parte de nosso processo evolutivo. A essa altura, seria natural que nos indagássemos: O Remorso faz parte do processo evolutivo? Como assim? Expliquemos, começando por uma breve introdução: Os Espíritos, em O Livro dos Espíritos, explicam que nós todos fomos criados simples e ignorantes, e que através de milhares e milhares de reencarnações, vamos adquirindo conhecimentos intelectuais e morais.
No início das nossas encarnações, somos muito mais governados pela instintividade animal do que pela inteligência e pelos valores morais, como parece lógico. Para o homem na terra só há duas fatalidades: A primeira é a certeza da morte do corpo físico e a segunda é a evolução. Assim, nós evoluímos à medida que desenvolvemos as duas grandes asas da Vida: A Inteligência e a Moralidade. Continuamente, O Pai nos oferta oportunidades de aprendizado e crescimento. Podemos sempre optar pelo caminho do amor em nossas decisões, preferindo respeitar o próximo e seguir o caminho da ética e da dignidade. Não raras vezes, contudo, preferimos estacionar por anos e anos nos desregramentos de toda ordem, nos excessos e nos vícios, distanciando-nos da condição básica da manutenção de nossa liberdade na Terra, chamada respeito pelo direito alheio.
Ora, é natural que esse caminho venha a nos trazer dor. Toda irresponsabilidade gera prejuízo ou, dito de outra forma: No jardim de nossas vidas, a plantação é livre mas a colheita é obrigatória. Assim, temos sempre dois caminhos: O caminho do Amor ou o caminho da Dor. É uma pena que nós ainda optemos pelo caminho da Dor… É quase que totalmente a ela que devemos as impulsões do nosso progresso.
Então, para não nos alongarmos mais nessa introdução, tomemos um exemplo prático: Ruana (nome fictício) cometeu aborto há muitos anos atrás. À época ela não tinha a menor consciência de que aquilo era um assassinato contra um ser que não podia sequer se defender. Tempos atrás, ela me escreve relatando suas dores e cita o episódio, esclarecendo que, desde então, tem sido atormentada por sua consciência pelo grave erro cometido. Muitas noites sem sono, uma tristeza profunda e uma ‘certeza‘ íntima a dizer-lhe que ela não era digna de ter nenhuma felicidade na vida…
A partir daqui, procurarei responder as perguntas que ela me fazia, como fazendo parte deste post, por acreditar que pode esclarecer dúvidas de muitas pessoas também:

1) Eu vou para o inferno?

Ylen - Não recomendo… Acho melhor você procurar um lugar melhor pra ficar. Dizem que lá é muito quente. Aliás, “dizem” é a expressão certa porque, na verdade, o Inferno foi uma criação religiosa para amedrontar os seus fiéis muito rudes e ignorantes ainda, o que era um meio de assustá-los e amedrontá-los e assim, fazê-los agir corretamente. Mas, na verdade, o Inferno da forma que é descrito por tantas seitas e religiões ainda hoje, não existe. O Espiritismo nos esclarece que, o que chamamos de Inferno, nada mais é do que a reunião, automática e por afinidade, de espíritos maus e atormentados por seus atos desesperadores quando na terra. Dessa forma, uma pessoa que se compraz em fazer o mal, automaticamente altera a sua frequência vibratória, passando a sintonizar com outras criaturas do seu mesmo padrão doentio de vibração. Assim, ao desencarnar, esses pobres miseráveis estarão ainda mais ligados e, naturalmente, em um verdadeiro inferno… Portanto, aconselhamos que não vá para o Inferno. Prefira modificar a sua conduta no dia de hoje, buscando ter bons pensamentos, afastando-se dos vícios, da maledicência e do mal de forma geral, enquanto busca compreender, auxiliar e perdoar quantos estejam á sua volta, em sua jornada evolutiva aqui na Terra. Isso, de forma inequívoca, é o seu passaporte para zonas superiores do plano espiritual.

2) Eu posso ser Espírita, mesmo tendo cometido aborto?

Ylen - Allan Kardec, que foi a pessoa que teve um trabalho gigantesco para reunir, organizar, triar e codificar os ensinamentos de milhares de espíritos ao redor do mundo e, assim, trazer ao mundo o Espiritismo, estabeleceu:“Conhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz em domar as suas más inclinações” Perceba que ela não se refere ao passado de ninguém e sim ao esforço do presente em melhorar-se. Dessa forma, todos aqueles que o quiserem, podem se tornar Espíritas. E, posso assegurar, ser Espírita é muito mais fácil do que se imagina, já que no Espiritismo não se perde tempo com rituais, com velas, imagens ou cultos exteriores de quaisquer formas. Basta-se buscar a melhora íntima e o cultivo do amor ao nosso redor. Qualquer um que assim proceder pode, e deve, declarar-se Espírita.Simples, não?

3) Eu vou ser perdoada?

Ylen - A pergunta talvez seja: Quando você vai se perdoar? Porque Deus, nosso Pai Criador, em sua infinita onisciência, isto é, em seu absoluto e completo conhecimento de tudo no Universo, conhece não só os nossos corações mas também sabe de todos os nossos erros e, justamente por isso, nos enviou Jesus de Nazaré para dizer-nos que NENHUMA das ovelhas que o Pai lhe confiou, se perderá. “NENHUMA” inclui você e eu. Todos os nossos irmãos. Todos os encarnados. Todos os desencarnados. Assim, compreenda que Deus já lhe perdoou desde sempre. Resta agora você fazer o mesmo e perdoar-se. Liberte-se desse peso terrível, abra a janela do seu coração e deixe a benção dos raios solares iluminar tudo, despertando para novas atitudes perante a vida.

4) A criança que eu abortei, onde ela está? Como ela está? Ela me perdoou?

Ylen - Onde está o espírito que passou por essa experiência, não posso afirmar com 100% de precisão, mas as possibilidades incluem:a. Estar reencarnada no seio de outra família. O espírito reencarnante precisa renascer por razões pessoais, para tratar de sua própria evolução. Dessa forma, não tendo sido possível renascer através de uma família X, os amigos espirituais preparam uma família Y onde ele possa ser abrigado. b. Estar ainda no plano espiritual, aguardando novo ensejo de retornar como seu próprio filho, expectante de que, na próxima vez, será gestado e aguardado com muito amor e carinho, elementos indispensáveis para uma vida plena, feliz e produtiva. c. Ter se revoltado com a situação e com quem praticou o aborto. Isso inclui não só os pais mas também os “profissionais” que praticaram o aborto. Neste caso, faz-se necessário um tratamento espiritual visando ajudar o espírito abortado e, principalmente, que a mãe busque agir no bem, o que acenderá luzes em seu caminho e proporcionará créditos a ela para reparar o erro cometido .

5) O que eu posso fazer para me livrar dessa culpa e dessa dor que me atormenta dia e noite?

Ylen- A primeira coisa é compreender que o remorso deve durar apenas um minuto. Quero dizer com isso que o remorso deve durar apenas o tempo necessário para que nos impulsione para ação reparadora. O espírito Joanna de Ângelis cita que o remorso deve ser dinâmico, ou seja, o remoros só tem utilidade quando nos abre os olhos e nos dá forças para trabalharmos de forma a reparar o erro cometido. Mas como reparar um erro que já foi cometido? É simples! Já que não podemos fazer mais nada pelo que já passou, podemos fazer por outras pessoas que estão em nosso caminho. Ora, para combater o remorso por ter cometido aborto devemos então dedicar tempo e esforço de nossas vidas a ajudar outras mães que estão grávidas, que estão precisando de ajuda. Assim, ajudando aos filhos de outras mães a nascerem, estamos reparando o mal que fizemos àquele a quem abortamos. Dessa forma, sempre que a consciência de culpa quiser nos atacar com o remorso doentio e venenoso, irá nos encontrar ocupados demais ajudando outras mães a terem seus filhos e, dessa forma, jamais iremos nos preocupar com os erros do passado e, sim, com os acertos do presente!
Portanto, e em forma de resumo, gostaríamos de deixar claro que o remorso não pode se transformar em um sentimento doentio a nos atravancar a vida. O remorso deve ser compreendido como um apelo de nossa consciência, alertando-nos para a necessidade de reparar o erro cometido, imediatamente. Do contrário, o remorso será uma substância venenosa a se instalar nas artérias de nossos pensamentos e a nos levar á depressão, à tristeza e à destruição de nossa auto-estima, tendo consequências terriveis em nossas vidas.
O remorso ameaça trazer-lhe angústia e depressão? Reaja! Busque alguém que precisa de ajuda e ajude-o! Basta isso e o remorso diminuirá de tal modo a sua força que, com a nossa constância no bem, ele se esvanecerá no tempo de nossa evolução.

________________________________
Publicado por Ylen Asor e arquivado em Percepção Espírita