22 de março de 2013

Exteriorizando a Paz


A paz se exterioriza nos olhos de quem aprendeu a arte de ser sincero consigo mesmo. A meta mais fácil do mundo para se alcançar é ser como somos. A mais difícil é ser como as outras pessoas gostariam que fôssemos. A serenidade interior é conquista de quem possui autolealdade.
A Artemísia é uma planta balsâmica, de gosto amarga e utilizada como remédio. O sândalo é uma árvore de madeira resistente, da qual se extrai um óleo empregado em farmácia e perfumaria. Ambos são aromáticos e originários da Ásia, possuem algo em comum, mas têm utilidades completamente diferentes.
A natureza refuta a igualdade. Jamais foram encontradas duas flores idênticas; as semelhantes se modificam com o passar do tempo. Até as folhas de uma mesma árvore são desiguais, assim como variável é cada amanhecer.
Para desfrutarmos a paz verdadeira, precisamos entender que somos um núcleo de vida distinto; vivemos em comunidade, mas, sobretudo com nós mesmos. Somente empregando de maneira responsável nossa capacidade de sentir, de raciocinar e de realizar, livre de interferências dos cegos instintos e dos laços de dependência, é que podemos nos apaziguar de modo essencial.
Não nos reportamos a isso para nos envaidecer ou diminuir os outros, e sim para que tenhamos mais consideração pelo nosso universo pessoal.
É preciso que nos perguntemos: quem escolhe o que penso e o que sinto? Quem determina como vou agir? Cabe-nos, portanto, o domínio de nossa vida, pois falsas identidades podem estar controlando-nos a ponto de desperdiçarmos energias imprescindíveis à nossa harmonia e segurança.
Se procura serenidade, liberte-se da reação exagerada aos desejos dos outros.
Visualize a tranquilidade dos ambientes campestres. O vislumbre de uma tarde em lindo campo florido fala de paz a seu coração e o alivia prolongadamente.
Sua memória está repleta dessas associações, que seu dia-a-dia inquieto e intranquilo deixa muitas vezes escondido em sua mente.
Paz é, acima de tudo, harmonia consigo mesmo; em seguida, com os outros. É harmonia com Deus e com a Natureza. Paradoxo é almejar a paz e viver em discordância íntima.
A Excelsa Criação deu-lhe a habilidade de realização através da Natureza, assim como outorgou às plantas a capacidade de florescer. Nenhuma árvore de sândalo necessita que um botânico lhe diga como produzir sua essência aromatizante. Se você quiser transluzir a paz, seja fiel ao que é, dando ao Planeta os frutos de sua própria natureza.
A verdade é que, por mais que você se esforce para ser justo e consciente, sempre haverá alguém que interpretará mal seus atos e atitudes. Ninguém consegue agradar a todos.
Confie em si mesmo, confie em Deus. Apenas Ele maneja os fios invisíveis e infinitos de toda a existência humana.
Você encontrará a paz conscientizando-se de que cada um é uma ferramenta exclusiva e específica da Natureza, circunstancialmente trabalhando na Terra sob o Comando Divino.

Lourdes Catherine
Fonte: extraído do livro “Conviver e Melhorar”, de Francisco do Espírito Neto, pelo espíritos Lourdes Catherine e Batuíra. Editora Boa Nova.


13 de março de 2013

O Esquecimento do passado

O esquecimento do passado é considerado a mais séria das objeções contra a reencarnação. Como pode o homem aproveitar da experiência adquirida em suas anteriores existências, quando não se lembra delas? Pois que, desde que lhe falta essa reminiscência, cada existência é para ele qual se fora a primeira; deste modo está sempre a recomeçar... Pareceria ilógico fazer-nos expiar em uma existência faltas cometidas nas vidas passadas, de que tivéssemos perdido a lembrança. Enfim, se o homem já viveu, pergunta-se: por que não se lembra de suas existências passadas?

RAZÕES DO ESQUECIMENTO

Allan Kardec [LE-qst 392-399] [ESE-cap V it 11] vai examinar essa questão. Depois de concluir que o esquecimento do passado atesta a sabedoria de Deus, pois a lembrança de existências anteriores traria inconvenientes muito graves, o Codificador apresenta as principais razões do ponto de vista moral:
a) A lembrança do passado traria perturbações inevitáveis às relações sociais: o Espírito renasce freqüentemente no mesmo meio em que viveu, e se encontra em relação com as mesmas pessoas a fim de reparar o mal que lhes tenha feito. Se nelas reconhecesse as mesmas que havia odiado, talvez o ódio reaparecesse. De qualquer modo, ficaria humilhado perante aquelas pessoas que tivesse ofendido.
Quantos ódios milenares são desfeitos em uma existência quando os adversários de ontem se reencontram na condição de pai e filho, de mãe e filha ou de irmãos consanguíneos? Se eles tivessem na consciência a lembrança das faltas cometidas uns contra os outros, dificilmente conseguiriam pacificar as relações. De tudo isto deduz-se que a lembrança do passado perturbaria as relações sociais e tornar-se-ia um entrave ao progresso.
b) Pelo esquecimento do passado o homem é mais ele mesmo: livre da reminiscência de um passado importuno, o homem viverá com mais liberdade, terá maior mérito em praticar o bem, e poderá exercitar seu livre-arbítrio de forma mais ampla.
A lembrança do passado poderia humilhar o Espírito culpado levando-o a muitos processos de auto-depreciação, como poderia também exaltar o orgulho dos Espíritos que tiveram um passado de destaque em qualquer área da atividade humana.
A vida terrestre é, algumas vezes, difícil de suportar; ainda mais o seria se, ao cortejo dos nossos males atuais, acrescesse a memória dos sofrimentos ou das vergonhas passadas;
c) O esquecimento do passado arrefece o complexo de culpa, dando condições ao Espírito culpado de renovar-se psiquicamente: muitos Espíritos faltosos encontram-se em terríveis sofrimentos purgatoriais. Nas diversas esferas da erraticidade, em função de um remorso estanque, de uma culpa neurótica, sem estrutura psicológica para reparar o passado através da prática do bem e de uma atitude mental positiva.
Esquecendo o passado, ele mergulha em nova vida, onde as oportunidades de ressarcimento se lhe apresentarão naturalmente sem que o remorso paralisante atormente a sua consciência frágil;
d) O esquecimento do passado é uma condição temporária: ocorre apenas durante a vida física. Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado. Nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono.
Ao retornar à vida extra-física, o homem vai, paulatinamente (mais ou menos rapidamente em função de sua evolução), tomando ciência de suas experiências anteriores, e então, já mais lúcido e tranqüilo, tem condições de tomar decisões sábias, preparando-se para novas batalhas.
Há, ainda, outra argumentação filosófica: por acaso o fato de não nos lembrarmos da nossa infância representa prova de que essa infância não existiu? Quantos acontecimentos vivemos, muitos deles, inclusive, perpetuados em fotografias, em filmes ou em gravações, e deles nos esquecemos completamente.
Do ponto de vista científico, as razões que explicam porque perde o Espírito as lembranças do passado são de três ordens:
1. O restringimento do perispírito no processo encarnatório;
2. O estado de perturbação que acompanha o Espírito reencarnante;
3. A imaturidade das células do sistema nervoso central nos primeiros anos de vida.
Esses fatores se somando fazem com que em cada nova existência o Espírito se esqueça, em seu próprio benefício das experiências pretéritas.

INSTRUMENTOS DO PRESENTE

Se o homem esquece o passado, poder-se-ia objetar: como conduzir-se diante das provas, das opções, das situações difíceis que se lhe depararão na nova existência? Qual o caminho a seguir? Qual a atitude a tomar?
Kardec diz: "Deus nos deu, para nos melhorarmos, justamente o que necessitamos e nos é suficiente: a voz da consciência e as tendências instintivas. O homem traz ao nascer, aquilo que adquiriu. Ele nasce exatamente como se fez. Cada existência é para ele um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi: se está sofrendo, é porque fez o mal, e suas tendências atuais indicam o que lhe resta corrigir em si mesmo. Examinando suas aptidões, seus defeitos suas inclinações inferiores ele pode inferir de seu passado e buscar elementos para reestruturar-se moral e intelectualmente. É sobre isso que ele deve concentrar toda a sua atenção, pois daquilo que foi completamente corrigido já não restam sinais." [ESE-cap V it 11]
Examinando sempre sua consciência, estudando atentamente o que é certo e errado ele encontrará o caminho ideal a seguir, pois cada um traz impresso em seu interior as necessidades prementes e as resoluções tomadas quando no mundo espiritual. A estes fatores acrescem-se dois outros: a assistência dos bons Espíritos e as lembranças advindas durante o sono.
Não é somente após a morte que o Espírito terá recordações de suas outras existências. Muitas vezes, quando Deus julga útil, permite que o Espírito durante o desdobramento natural do sono, tenha lembranças fragmentárias de outras encarnações. Mesmo que não se lembre totalmente delas ao acordar, as manterá em seu campo psíquico sobre a forma de reflexos e condicionamentos positivos, que nos momentos de dúvida poderão auxiliá-lo a tomar as decisões corretas.
Por outro lado, todos nós, ao reencarnamos, passamos a ser assistidos por amigos espirituais que estarão ao nosso lado, sempre que necessário, velando por nós e nos inspirando nas decisões mais difíceis.

BIBLIOGRAFIA
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Que é o Espiritismo? - Allan Kardec
3) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG