18 de dezembro de 2009

SER, TER e FAZER DE CONTA


Recentemente uma professora, que veio da Polônia para o Brasil ainda muito jovem, proferia uma palestra e, com muita lucidez trazia pontos importantes para reflexão dos ouvintes. Já vivi o bastante para presenciar três períodos distintos no comportamento das pessoas, dizia ela. O primeiro momento eu vivi na infância, quando aprendi de meus pais que era preciso SER. Ser honesta, ser educada, ser digna, ser respeitosa, ser amiga, ser leal. Algumas décadas mais tarde, fui testemunha da fase do TER. Era preciso ter. Ter boa aparência, ter dinheiro, ter status, ter coisas, ter e ter... 
 Na atualidade, estou presenciando a Fase do Faz de Conta. Analisando sob esse ponto de vista, chegaremos à conclusão que a professora tem razão. Hoje, as pessoas fazem de conta e está tudo bem. Pais fazem de conta que educam, professores fazem de conta que ensinam, alunos fazem de conta que aprendem.
Profissionais fazem de conta que são competentes, governantes fazem de conta que se preocupam com o povo e o povo faz de conta que acredita. Pessoas fazem de conta que são honestas, líderes religiosos se passam por representantes de Deus, e fiéis fazem de conta que têm fé. E ainda há aqueles que, por interesses egoístas e nada transparentes, convincentemente fazem de conta que nutrem sentimentos de amor por alguém que, na verdade, apenas lhe é útil, ou seja: usa a pessoa  enquanto ela for necessária aos seus interesses...
Doentes fazem de conta que têm saúde, criminosos fazem de conta que são dignos e a justiça faz de conta que é imparcial. Traficantes se passam por cidadãos de bem e consumidores de drogas fazem de conta que não contribuem com esse mercado do crime. Pais fazem de conta que não sabem que seus filhos usam drogas, que se prostituem, que estão se matando aos poucos, e os filhos fazem de conta que não sabem que os pais sabem. Mulheres fazem de conta que são belas às custas de próteses de silicone, aplicações de botox e reiteradas lipos...
Corruptos se fazem passar por idealistas e terroristas fazem de conta que são justiceiros... E a maioria da população faz de conta que está tudo bem... Mas uma coisa é certa: não podemos fazer de conta quando nos olhamos no espelho da própria consciência. Podemos até arranjar desculpas para explicar nosso faz de conta, mas não justificamos.
Raras pessoas são realmente autênticas. Por isso elas se destacam nos ambientes em que se movimentam, despertam a simpatia de muitos e tornam-se queridas. São aquelas que não representam, apenas são o que são, sem fazer de conta, dem enganar a ninguém. São profissionais éticos e competentes amigos leais, pais zelosos na educação dos filhos, ótimos filhos e companheiros, políticos honestos, religiosos fiéis aos ensinos que ministram. São, enfim, pessoas muito especiais, descomplicadas, trnasparentes, de atitudes simples, mas coerentes e, acima de tudo, fiéis consigo mesmas, com seus ideais e projetos de vida. 
Importante salientar, todavia, que essa representação no dia-a-dia, esse faz de conta, causa prejuízos para aqueles que lançam mão desse tipo de comportamento. A pessoa que age assim termina confundindo a si mesma e caindo num vazio, pois nem ela mesma sabe quem é, de fato, e acaba se traindo em algum momento. E isso é extremamente cansativo e desgastante.
Você sabia? Que a pessoa que vive de aparências ou finge ser quem não é corre sérios riscos de entrar em depressão? Isso é perfeitamente compreensível, graças à batalha que trava consigo mesma e o desgaste para manter uma realidade falsa. Se é fácil enganar os outros, é impossível enganar a própria consciência. Por todas essas razões, vale a pena ser quem se é, ainda que isso não agrade os outros. Afinal, não é aos outros que prestaremos contas das nossas ações, e sim a Deus e à nossa consciência.

Fonte: Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita (com algumas alterações).
       

3 comentários:

Anônimo disse...

O faz de conta é mesmo uma prática que já se tornou corriqueira. Acho que estamos na era da falsidade institucionalizada

Anônimo disse...

É,tem gente que fez de conta que defendia os amigos,dizia que os levaria para sempre,que brigava por eles,que tinha uma amiga irmã aqui fora;mas para aparecer e consequentemente SER e TER os ataca,incentiva desavenças,afastou-se, aliou-se aos inimigos e riscou a amiga irmã da sua vida.Fez de conta que era uma pessoa que não existe.Quem é falso?

Eva disse...

Anônimo
O falso é o careteiro kkkkkkkkkk