No budismo, a fonte da nossa energia é a fé na prática cotidiana. Ter fé numa idéia é excessivamente arriscado. As idéias podem mudar, até mesmo as idéias a respeito do Buda. Amanhã poderemos não acreditar na mesma coisa e poderemos cair no abismo da dúvida. Sabemos muito bem que a prática diária da vida consciente nos trouxe paz alegria, de modo que temos a fé e confiança na nossa prática. É uma espécie de fé experimental. Sabemos que, quando nos dedicamos à prática de andar conscientemente, experimentamos a realidade. Este tipo de fé nos confere a verdadeira força.
No budismo, falamos de tocar o nirvana com nosso corpo. No cristianismo, também podemos tocar o Reino de Deus com nosso corpo, aqui e agora. Isso é muito mais seguro do que depositar nossas esperanças no futuro. Se nos agarrarmos à nossa idéia de esperança no futuro, poderemos não perceber a paz e alegria que estão disponíveis no momento presente.
A melhor maneira de tomar conta do futuro é cuidar do momento presente. Ao praticar a respiração consciente, atento a cada pensamento e cada ato, nós renascemos, totalmente vivos, no momento presente. Não precisamos abandonar totalmente nossas esperanças, mas, se não canalizarmos nossas energias para tomar consciência do que está acontecendo no momento presente, corremos o risco de não descobrir a paz e a felicidade que estão disponíveis agora.
O poço está dentro de nós. Se cavarmos profundamente no momento presente, a água certamente irá jorrar.
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Thich Nhat Hanh, Vivendo Buda, vivendo Cristo, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 1997
Fonte: Para ser Zen
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