Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, qual é realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra. Temos no Brasil – e isso é um consenso universal – o maior, mais ativo e produtivo movimento espírita do planeta. A expansão do Espiritismo em nossa terra é incessante e prossegue em ritmo acelerado.
Kardec avaliou a sua importância no plano da divulgação e da orientação dos grupos, explicando ser preferível a existência de vários Centros pequenos e modestos numa cidade ou num bairro, à existência de um único Centro grande e suntuoso.
Organizado o Centro, com uma denominação simples e afetiva, aprovados em assembléia geral e registrados os estatutos e as atas, sua função e significação estarão definidas como Estudo e Prática da Doutrina Espírita, sempre segundo o Codificação de Allan Kardec. Sem Kardec não há Espiritismo, há apenas mediunismo desorientado.
Cada Centro Espírita tem os seus protetores e guias espirituais que comprovam a sua autenticidade pelos serviços prestados, pelas manifestações oportunas e cautelosas e pela dedicação aos princípios de Kardec.
A Doutrina é o renascimento do cristianismo primitivo e, para bem compreendermos as finalidades do centro espírita, devemos examinar o tipo de trabalho desenvolvido pelos Apóstolos e pelo próprio Allan Kardec. É entre eles que fomos encontrar a trilogia da prática espírita:
1 - Aprender
Uma vez que somos Espíritos que estamos na Terra para evoluirmos, é natural que o aprendizado seja uma das fundamentais tarefas do verdadeiro espírita.
2 - Ensinar
O Espiritismo tem a função primordial de educar as criaturas, conduzindo-as ao equilíbrio através do conhecimento.
3 - Assistir
A tarefa de assistir ao próximo se divide em assistência espiritual e material.
Considerando que a missão do Espiritismo visa a transformação da humanidade pela melhoria das massas, por meio do gradual aperfeiçoamento dos indivíduos, todo auxílio feito ao próximo não pode perder de vista a condição espiritual do ser e sua projeção além do túmulo. Desse modo, a assistência espiritual trabalhará preventiva, ostensiva e construtivamente, sem esquecer que temos necessidades, cujas raízes se perdem no tempo e se exteriorizam no presente.
Os serviços assistenciais à pobreza, prestados pelos Centros Espíritas, constituem a contribuição espírita para o desenvolvimento de nova mentalidade social em nosso mundo egoísta. Negar auxílio, nesses casos, a pretexto de que estamos sonhando com medidas melhores é falta de caridade, comodismo disfarçado em idealismo superior. O Centro Espírita é instrumento de ação imediata e age de acordo com as necessidades urgentes. A evolução social depende da evolução dos homens.
Os serviços de assistência ao próximo só podem retardar o avanço da violência, ao mesmo tempo em que aceleram o desenvolvimento moral e espiritual da Humanidade. É desse desenvolvimento, e exclusivamente dele, que poderá surgir na Terra uma civilização superior.
Como se vê, o Centro Espírita é realmente um centro de convergência de toda a dinâmica doutrinária. Nele revelam-se os médiuns, comunicam-se os espíritos, educam-se crianças e adultos, libertam-se os obsediados, estuda-se a doutrina em seus aspectos teórico e prático e promove-se a assistência social a todos os necessitados, sem imposições e discriminações, cultivando a fraternidade que abre os portais do futuro.
Allan Kardec traçou a linha de conduta do verdadeiro espírita: que se esforçasse constantemente para dominar suas más inclinações. Ora, só podemos lutar contra uma tendência ruim se tivermos consciência dela. Para tanto, temos que nos conhecer. Daí, surge a necessidade do auto-conhecimento.
O dirigente espírita é o gerente da casa de trabalhos. Cabe a ele a função de administrar e coordenar todas as ações, elaborar seus planos e executá-los. Sobre ele paira a responsabilidade de orientar as atividades doutrinárias, trabalhar o desenvolvimento dos membros sob sua tutela e planejar o sistema administrativo do centro.
Kardec dizia que a vida deve nos servir de aprendizado. Se observarmos as escolas e instituições do mundo, vamos verificar que princípios diretivos sempre as orientam. Alguns determinam e outros cumprem. O Centro Espírita precisa ser coordenado por uma metodologia semelhante. Quando não se faz um trabalho organizado, o resultado não pode ser bom.
Imaginemos um barco navegando sem capitão. Uma nau que a cada dia recebesse uma orientação. É certo que não chegaria a lugar algum. O mesmo aconteceria com uma empresa sem diretores, sem um plano de serviços. Os resultados não seriam satisfatórios.
A vida moral do servidor espírita necessita de cuidados especiais.
Dirigentes, auxiliares e freqüentadores de um Centro Espírita bem organizado sabem que a obra de Kardec é um monumento científico, filosófico e religioso de estrutura dinâmica, não estática, mas cujo desenvolvimento exige estudos e pesquisas do maior rigor metodológico, realizadas com humanidade, bom-senso e respeito à doutrina.
As pessoas que procuram o centro para serem ajudadas, costumam tomar a imagem do trabalhador espírita como linha de referência para sua própria imagem. Por esta razão, o que fazemos e a forma como nos apresentamos no centro espírita assumem relevante importância.
Daí a grande importância de que o público tome conhecimento do que é o Centro Espírita, para que serve, qual o seu objetivo a fim de que também perceba, desperte e entenda que a função do Centro Espírita não é curar corpos, resolver problemas, afastar Espíritos, mas, algo muito mais abrangente - despertar almas para que estruturem as mudanças morais saneadoras, restauradoras, capazes de, renovando o Espírito, entender problemas, buscando soluções, atraindo amigos espirituais, transformando a existência no processo da vida em ponto de luz, do futuro de amor que almejamos.
O Centro Espírita significa, assim, uma fortaleza espiritual da grande batalha para o restabelecimento da verdade cristã na Terra. Mas tudo isso deve ser encarado de maneira racional e não mística. Ninguém está ali investido de prerrogativas divinas e sim de obrigações humanas.
Extraído do Livro O Centro Espírita de J. Herculano Pires e do Jornal Verdade e Luz e Jornal Mundo Espírita
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